Nielcem Fernandes // AF Notícias Da mesma forma que muitas comunidades dos Alpes Suíços,
Corippo experimentou décadas de êxodo à medida que gerações mais jovens se mudaram para cidades maiores para estudar, trabalhar ou em busca de uma vida social. Com isso, a cidade possui atualmente apenas 12 moradores. Agora, o pequeno vilarejo, situado no
Vale de Verzasca, região de
Ticino na porção italiana do país, se transformará em um hotel. O projeto hoteleiro é da
Fundação Corippo e deverá abrir as portas aos visitantes no verão de 2019, conforme anunciou a agencia de notícias suíça
ATS. A
Fundação Corippo é uma entidade encarregada de preservar o patrimônio local. O vilarejo conta com uma praça central rodeada por uma pequena casa, um albergue e a igreja da Nossa Senhora do Carmo, e abriga, além disso, uma grande quantidade de casas típicas rústicas e abandonadas
. "A recepção será no restaurante do vilarejo, o lobby na praça, as pequenas ruas serão corredores e as casas serão os quartos do hotel", explicou o arquiteto da fundação, Fabio Giacomazzi. O conceito, conhecido como
albergo diffuso (ou "hotel difuso") já foi testado em algumas vilas em montanhas na Itália, mas nunca na Suíça. Toda a vila de
Corippo está protegida como um monumento histórico, o que significa que o arquiteto enfrenta um desafio gigantesco: como modernizar o interior das casas sem afetar o exterior. A primeira fase do projeto requer um investimento de 3,25 milhões de francos (2,79 milhões de euros). Em 2020, Corippo passará a fazer parte de
Verzasca, um novo município que nascerá da fusão de pequenas localidades da região agrupando cerca de 900 habitantes.
Peculiaridades Corippo não tem mercado, escola ou crianças. Fica a apenas 30 minutos de carro da movimentada
Locarno, mas a estrada estreita e cheia de curvas não é um caminho escolhido por muita gente.
Originalidade O que
Corippo tem, por outro lado, são mais de 60 casas de pedra tradicionais, com telhados de pedra seca, muitas com lareiras e piso de madeira originais. E a maioria delas está vazia. Uma espiada dentro de algumas casas revela a escala dessa tarefa: muitas delas estão intocadas desde a década de 1950 - alguns moradores emigraram para os Estados Unidos e outros simplesmente morreram, não restando ninguém para limpar a propriedade. Roupas velhas, cartões postais e garrafas de vinho se espalham pelo chão. As paredes estão úmidas e empoeiradas. Não há sinal de água corrente nem de vaso sanitário.
"Claro que nós vamos pintar, claro que vamos colocar banheiros", diz Giacomazzi
. "Mas as portas originais serão mantidas, as madeiras e pedras originais também devem ficar. A experiência dos hóspedes deverá ser similar à vida no século 19 em Corippo. Será relativamente espartano”, admite o arquiteto. "É bom para a vila, para o futuro, porque a maioria de nós está velho. Com esse projeto, as pessoas virão até aqui", afirma Silvana, a mais antiga moradora.
Detox digital Para o diretor turístico
Elia Frapolli, o atrativo de
Corippo é justamente ser um lugar para desligar completamente, para escapar da vida do século 21.
"Esse é o lugar perfeito para o que chamamos de detox digital", diz ele.
"É uma nova tendência. No século 21, a autenticidade será considerada a nova luxúria. Ter um lugar onde você possa sentir a história do local, onde você possa deixar seu celular de lado. Isso é real, não é falso, há séculos de história aqui”, declarou. Os planos de
Corippo, porém, ainda levarão um tempo para serem executados - nada ficará pronto em pelo menos um ano. Mas a novidade já se espalhou, e os pedidos de reservas já estão chegando. Com informações BBC News