Diante de um futuro austero, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, se reuniram para discutir caminhos para barrar novos cortes orçamentários do governo federal. Além de atingir setores básicos do país, como saúde e educação, os cortes também podem prejudicar o funcionamento da Justiça e, em decorrência, em grandes investigações de crimes de corrupção, como a Operação Lava Jato. Como representantes do Ministério Púbico e do Judiciário, Janot e Lewandowski conversaram por cerca de uma hora e meia. Na conversa, procuraram alinhar o discurso para ganhar mais peso nas negociações com o governo federal. Os órgãos já preveem um impacto, de imediato, na compra de passagens aéreas e diárias, considerada essencial para garantir o trabalho investigativo das operações da Polícia Federal e do Ministério Público, que costumam ser formadas por profissionais de vários estados. Para este ano, os cortes iniciais já estão definidos no orçamento. O Ministério Público da União terá recursos disponíveis significativamente inferior ao ano passado. O governo federal disponibilizou R$ 5,6 bilhões para serem gastos neste exercício. O montante é 5,1% menor do que o orçado para 2015 (R$ 5,9 bilhões). No Judiciário, o governo também arrochou. A verba foi cortada em R$ 70 milhões e o setor terá cerca de R$ 158 milhões para desembolsar ao longo de 2016. O objetivo de Lewandowski e Janot, agora, é impedir novos contingenciamentos. Ao deixar a reunião, o procurador-geral não fez qualquer comentário. Também estava presente no encontro a equipe do diretor-geral do STF, Amarildo Vieira de Oliveira, responsável pelas finanças da suprema corte.