Operação padrão na fiscalização de importações e exportações.
Em protesto contra os cortes no orçamento da Receita Federal e a previsão de reajuste salarial apenas para as Forças de Segurança, os auditores fiscais decidiram entrar em greve. A decisão foi tomada nesta quinta-feira (23/12), após reunião do Sindicato Nacional dos Auditores (Sindifisco), com mais de 97% de apoio entre os 4.287 participantes.
De acordo com o presidente do Sindifisco, Kleber Cabral, a mobilização começa na prática na próxima segunda-feira (27). Ele explica que a maior parte dos auditores vai aderir à paralisação, com exceção da área aduaneira, em que as atividades continuarão, mas em ritmo reduzido.
Com a greve aprovada, a operação padrão pode ter grande impacto nas importações e exportações, já que afeta órgãos responsáveis por controlar a entrada e saída de mercadorias.
Segundo o sindicato da categoria, foi decidido durante a assembleia, entre outras medidas, adotar a chamada “meta zero”, ou seja, deixar sem conclusão ações de fiscalização e não preencher relatórios. Também ficou acertado que nenhum auditor aceitará substituir os mais de 600 colegas que entregaram seus cargos de chefia.
Os auditores querem que o governo regulamente o bônus de eficiência da categoria e recue nos cortes de orçamento previstos. Segundo o sindicato, a Receita foi uma das áreas que perdeu recursos para que fosse incluída no Orçamento da União a previsão de R$ 1,7 bilhão para reajustes salariais da área de segurança, como a Polícia Federal, base de apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL).
JUDICIÁRIO
E a insatisfação não se restringe ao Executivo. A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), que representa juízes de todo o país, criticou a concessão de reajuste a “um único órgão às vésperas do ano eleitoral”. A entidade cobrou do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, uma “efetiva atuação” contra o que consideram violação das leis e da Constituição.
Ao pressionar o Congresso para aprovação do reajuste a policiais, Bolsonaro ignorou os alertas do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que isso acarretaria pressão de outras categorias.